O burnout consiste no esgotamento psicólogico relacionado à questões de trabalho e pode desencadear graves problemas de saúde.
Cada vez mais pessoas relatam períodos de esgotamento psicológico devido a questões profissionais. Pressões, prazos apertados, carga horária maior do que o recomendado, ambiente de competitividade e situações estressantes são corriqueiros em qualquer ambiente de trabalho, mas a repetição constante desse cenário pode acarretar consequências graves.
Quer saber mais sobre essa síndrome? Continue lendo para descobrir o que é burnout, quais os seus sintomas e como evitar esse quadro de esgotamento.
O que é burnout
A tradução de burnout para o português que melhor definiria essa síndrome é “esgotamento”. Apesar de ainda não ter sido catalogada pelo DSM-5 (ou Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição) por ser uma crise ainda recente e diretamente associada aos tempos modernos, essa exaustão profissional gerou mais interesse e foi ainda mais acentuada devido à pandemia de Covid-19 e às modificações de rotina e realidades decorrentes dela.
As pesquisas e preocupações envolvendo o burnout, no entanto, datam de muito antes. Termo cunhado nos anos 70 pelo psicólogo americano-alemão Herbert J. Freudenberger e pesquisado com profundidade nos anos 80 pela psicóloga americana Christina Maslach, essa síndrome é caracterizada pelo esgotamento físico e mental que pode vir a auxiliar no desenvolvimento de condições patológicas, além de diversos problemas no âmbito pessoal e profissional.
APESAR DE TER SE INTENSIFICADO COM A PANDEMIA, O HOME OFFICE E AS INSTABILIDADES ECONÔMICAS, O BURNOUT É UMA CRISE QUE VEM SENDO ESTUDADA HÁ ALGUMAS DÉCADAS.
O trabalho e a sobrecarga
Muitas das nossas realizações, planejamentos e sonhos têm no trabalho a sua principal fonte. Porém, não é incomum que esse espaço ou mesmo a rotina em volta dele se tornem problemáticos, afetando corpo e mente.
Segundo pesquisa do International Stress Management Association (ISMA-BR), o Brasil figura na assustadora segunda posição entre os países mais afetados pela síndrome do burnout. Assim, cerca de 30% de nossos profissionais sentem algum sintoma de esgotamento associado a um estresse crônico.
Observando a Lei de Yerkes-Dodson, também conhecida como ciclo do estresse, percebemos que, apesar de um certo nível de pressão ser efetivo visando a melhora no desempenho, quando este não é acompanhado por momentos de relaxamento ou alívio, pode gerar o estágio de aflição.
É nesse momento que a sensação de fadiga e colapso físico e mental começam a surgir, afetando drasticamente a performance, configurando um quadro de burnout.
Aqui, vale apontar que, apesar de essa ser uma crise que tem seu motivador associado ao trabalho, a causa do esgotamento está exatamente no desequilíbrio entre momentos de estresse, que muitas vezes não podem ser evitados, e aqueles de repouso ou descontração.
E, para saber mais sobre o que significa burnout, recomendamos o episódio 17 do Podcast Entrementes. Nele, Silvia Cury Ismael, gerente do Serviço de Psicologia do Hospital do Coração de São Paulo (HCor-SP), classifica a síndrome como um somatório da evolução do estresse em conjunto com o transtorno de ansiedade.
Sintomas do burnout
A primeira coisa que precisamos destacar é que os sintomas dessa crise são diversos e ultrapassam as barreiras emocionais, podendo acarretar dores de cabeça frequentes e problemas gastrointestinais.
Um dos primeiros sinais da crise de burnout é, ironicamente, a produtividade excessiva e o foco absoluto nas atividades profissionais. Neste momento, não é incomum que jornadas de trabalho durem muito mais do que o recomendado, nem que a vida social seja deixada de lado.
Depois disso, os sintomas mais frequentes passam a ser a irritabilidade, a agressividade e a impaciência, fatores que podem afetar tanto o ambiente profissional quanto as relações interpessoais. É aqui que os sinais de ansiedade começam a aparecer, marcados por manifestações como palpitações, falta de ar e a sensação de angústia.
DENTRE OS SINTOMAS DE BURNOUT ESTÃO O EXCESSO DE IRRITABILIDADE E AGRESSIVIDADE, SEJA EM AMBIENTES DE TRABALHO OU MESMO NA ROTINA FAMILIAR.
SER NOOMANO É DAR A ATENÇÃO NECESSÁRIA AO DORMIR,
AO ACORDAR, AO VIVER E AO CONVIVER.
SER NOOMANO É SE APROPRIAR DA CONSCIÊNCIA
PARA CUIDAR DO AGORA PENSANDO NO DEPOIS.
A síndrome, porém, chega ao seu ápice com os sinais de exaustão e apatia. Quando toda a energia mostrada no começo da crise começa a cair, podendo chegar a níveis danosos de cansaço, falta de foco, perda de memória e mesmo a aparição de comportamentos impulsivos.
É importante destacar que esses sintomas nem sempre seguem uma linearidade e, exatamente por isso, é importante que haja um acompanhamento psicológico ou clínico em casos de suspeita de burnout.
Tratamentos para o burnout
Antes de falar em tratamento, precisamos focar em formas de prevenir essa síndrome. Como já comentamos, o burnout acontece justamente pelo desequilíbrio entre momentos de descontração e de pressão. Por isso, momentos de relaxamento são fundamentais para a recuperação da energia, além disso, o chamado descanso ativo.
Técnica também empregada na área esportiva, ela consiste em utilizar momentos de folga para a realização de atividades mental e fisicamente estimulantes. Assim, atividades como corrida, jogos e outros hobbies que mantenham a cabeça ou o corpo ativos são peças-chave para evitar o colapso.
Além disso, lançar mão de métodos de meditação e mindfulness, bem como de uma alimentação balanceada e repleta de comidas com características anti-inflamatórias também são escolhas que podem te ajudar a fugir do novo mal do século.
Para finalizar a lista, é sempre importante destacar que a procura por uma ajuda especializada é essencial para garantir o diagnóstico e a efetividade de um tratamento.
Como prevenir o burnout?
A psicóloga Silvia Cury Ismael complementa o episódio do podcast já citado indicando formas de prevenir a crise. Segundo ela, definir objetivos alcançáveis, seja na vida pessoal ou profissional, participar de atividades de lazer, separar os momentos de trabalho dos de diversão e mesmo o desabafo podem ser fatores determinantes para fugir desse esgotamento.
E, para além disso, Silvia ainda destaca a importância de se evitar bebidas alcoólicas e drogas, bem como a automedicação.
Burnout e o sono
As ligações entre esse transtorno e o sono começam com o fato de que a insônia também é um dos sintomas dessa crise. Mas elas não terminam aí.
Isso porque outra forma de se prevenir a síndrome do burnout é justamente a busca por um sono de qualidade. Visto que é nesse momento que conseguimos o descanso necessário para ter energia e enfrentar as pressões no trabalho. Além disso, dormir menos do que o recomendado afeta a produtividade.
TER UM SONO DE QUALIDADE PODE AJUDAR A PREVENIR A SÍNDROME DE BURNOUT.
Apesar da escassez de pesquisas ligando o sono e burnout, estudos vinculam a exaustão decorrente de longas jornadas de trabalho no setor de saúde com a eclosão da síndrome de burnout e os riscos de acidentes de trabalho e erros graves de diagnóstico e ferimentos.
Assim, mais do que garantir um bom desempenho profissional, um sono saudável é, também, uma forma de assegurar o bem-estar individual e coletivo, bem como a segurança pública, isso especialmente para aqueles que exercem profissões de risco.
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